Meu melhor amigo é homossexual. É bonito, alto, já foi voluntário, é um dos melhores alunos da faculdade de economia e fala até sueco e chinês. Outro dia, estávamos eu e outra amiga elogiando-o durante um passeio no shopping. Comentávamos de todas suas virtudes e como ele era uma pessoa especial. Sempre fomos muito orgulhosas e gratas ao destino por tê-lo como amigo. Por outro lado , nos questionávamos como poderia alguém descartar todo o prazer de ter uma amizade como essa por um preconceito tão simplório como é a homofobia. Menosprezar a companhia daquele meu amigo seria o maior pecado que alguém poderia cometer.
Às vezes parece que o assunto certo está no lugar certo. Entramos em um restaurante para comer e lá estava: um casal homoafetivo. Dois meninos igualmente lindos de mãos dadas que trocavam carinhos no cabelo e olhares que levantariam suspiros de qualquer um que entende o significado do amor.
Enquanto nos divertíamos lembrando das noites com Barbara Streiand e bons drinkes, percebemos que a mesa do lado não compartilhava da mesma emoção. Meia dúzia de trabalhadores engravatados comiam e bebiam enquanto cochichavam. Estavam na mesa um casal de homem e mulher e mais quatro homens que aparentavam fazer parte do mesmo escritório. Não era muito fácil entender o que estavam dizendo, mas pelos olhares de julgamento direcionados aos dois rapazes, não foi difícil descobrir o que estava por vir.
Pois bem, ao terminar seu almoço com a calma de quem está apaixonado e não se importa com o mundo exterior, o casal se levantou e pagou a conta. Não demorou muito para que o tom de voz da mesa ao lado começasse a aumentar.
– Mas isso é um absurdo! Onde já se viu homem gostar de dar o rabo! Essa geração está perdida. – gritou o primeiro.
– Imagine só você que desrespeito aos bons costumes! Sempre ensinei meu filho que ele deve amar uma mulher, como explico isso que ele vê na televisão?
Foi nesse momento que, o homem que estava acompanhado da mulher comentou:
– Mas calma lá vocês! Vocês estão desrespeitando o direito deles de se amar. Eu sou totalmente a favor do casamento e da relação entre homossexuais, sei o que é gostar de alguém e querer ficar com essa pessoa.
Nesse momento, o meu olhar se cruzava com olhar da minha amiga e ambas pareciam dizer uma á outra: ainda há esperança. Estávamos felizes que alguém ali havia entendido que amor é amor seja com quem for e que mais vale o respeito à escolha alheia do que um par de mentiras místicas. Foi quando nos atentamos mais uma vez à mesa vizinha e o tão admirável rapaz beija sua companheira e fecha seu discurso:
– Só concordo que publicamente fica um tanto quanto libertino.