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Quem Tem Medo de Brincar de Amor?

quarta-feira, setembro 12th, 2012

Meu melhor amigo é homossexual.  É bonito, alto, já foi voluntário, é um dos melhores alunos da faculdade de economia e fala até sueco e chinês.  Outro dia, estávamos eu e outra amiga elogiando-o durante um passeio no shopping. Comentávamos de todas suas virtudes e como ele era uma pessoa especial. Sempre fomos muito orgulhosas e  gratas ao destino por tê-lo como amigo. Por outro lado , nos questionávamos como poderia alguém descartar todo o prazer de ter uma amizade como essa por um preconceito tão simplório como é a homofobia. Menosprezar a companhia daquele meu amigo seria o maior pecado que alguém poderia cometer.

Às vezes parece que o assunto certo está no lugar certo.  Entramos em um restaurante para comer e lá estava: um casal homoafetivo. Dois meninos igualmente lindos de mãos dadas que trocavam carinhos no cabelo e olhares que levantariam suspiros de qualquer um que entende o significado do amor.

Enquanto nos divertíamos lembrando das noites com Barbara Streiand e bons drinkes, percebemos que a mesa do lado não compartilhava da mesma emoção. Meia dúzia de trabalhadores engravatados comiam e bebiam enquanto cochichavam. Estavam na mesa um casal de homem e mulher e mais quatro homens que aparentavam fazer parte do mesmo escritório. Não era muito fácil entender o que estavam dizendo, mas pelos olhares de julgamento direcionados aos dois rapazes, não foi difícil descobrir o que estava por vir.

Pois bem, ao terminar seu almoço com a calma de quem está apaixonado e não se importa com o mundo exterior, o casal se levantou e pagou a conta. Não demorou muito para que o tom de voz da mesa ao lado começasse a aumentar.

– Mas isso é um absurdo!  Onde já se viu homem gostar de dar o rabo! Essa geração está perdida. – gritou o primeiro.

– Imagine só você que desrespeito aos bons costumes! Sempre ensinei meu filho que ele deve amar uma mulher, como explico isso que ele vê na televisão?

Foi nesse momento que, o homem que estava acompanhado da mulher comentou:

– Mas calma lá vocês!  Vocês estão desrespeitando o direito deles de se amar. Eu sou totalmente a favor do casamento e da relação entre homossexuais, sei o que é gostar de alguém e querer ficar com essa pessoa.

Nesse momento, o meu olhar se cruzava com olhar da minha amiga e ambas pareciam dizer uma á outra: ainda há esperança.  Estávamos felizes que alguém ali havia entendido que amor é amor seja com quem for e que mais vale o respeito à escolha alheia do que um par de mentiras místicas. Foi quando nos atentamos mais uma vez à mesa vizinha e o tão admirável rapaz beija sua companheira e fecha seu discurso:

– Só concordo que publicamente fica um tanto quanto libertino.